Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

09/01/2024

O “ateísmo líquido” de Francisco (2) | El “ateísmo líquido” de Francisco (2)


Excertos da entrevista de Miguel Ángel Quintana Paz a Diego Fusaro, acerca da publicação do seu livro "O fim do cristianismo".

«— Creio que estamos plenamente de acordo sobre Ratzinger, não é verdade? Assim, voltemos a Bergoglio. É óbvia a diferença entre ambos, até existem filmes sobre essa distância entre os dois papas. Mas não lhe parece exagerado considerar que um papa, neste caso Francisco, não defenda ou não pense que Deus seja verdadeiro?
— É uma tese forte mas apoiada, penso, pelos discursos de Bergoglio. Nestes discursos, quem é o bom cristão? Essa é a pergunta. Sob um ponto de vista clássico, o bom cristão é aquele que crê nas razões do eterno e do divino, e comporta-se como tal na terra. Também pode ser um bom inimigo do poder porque, como dizia São Tomás de Aquino, se a lei terrena se opõe à lei divina, é preciso opor-se ao poder. Com o tiranicídio, por exemplo.
No meu entender, o bom cristão, na nova Igreja liberal progressista de Bergoglio, é o bom consumidor. A fé de Bergoglio, e da nova Igreja liberal progressista, é uma fé de baixo custo. Para ser bom cristão deve-se acreditar na globalização capitalista, deve-se estar contra o soberanismo e o populismo, deve-se estar a favor dos portos abertos à imigração massiva. Ou seja, é a mesma mensagem da globalização neoliberal, mas situada no âmbito teológico. Assim, a Igreja de Bergoglio converte-se num megafone do pensamento único, política e teologicamente correcto. No meu livro, Fim do cristianismo, digo que Bergoglio faz «uma teologia com o martelo» [um eco do nietzschiano «filosofar com o martelo»]: destrói todos os fundamentos do cristianismo e propõe o que poderíamos chamar «uma religião da banalidade», sem transcendência, sem referências a Jesus e à divindade, sem referências ao eterno. A quem se destina o inferno, segundo Bergoglio? Se Bergoglio acredita no inferno, este é para os populistas, para os soberanistas, para os socialistas, para quem se opõe à globalização neoliberal.

— É curioso o que diz, porque Bergoglio é acusado de ser populista, talvez pela sua origem argentina.
— O populismo de Bergoglio esvazia a Igreja de Roma e abre-a ao mundo. Bergoglio, para utilizar uma linguagem bíblica, negligencia as ovelhas do seu próprio rebanho para recuperar as que estão fora. Bergoglio nunca fala aos cristãos; fala sempre aos ateus, aos muçulmanos, às religiões pagãs. Como resultado, não traz novas ovelhas ao rebanho e, pelo contrário, deixa sair as que tem. A ideia de Bergoglio é cumprir o Concílio Vaticano II, abrir o cristianismo ao mundo para o conquistar; mas, na realidade, ao abrir-se ao mundo, o cristianismo perde-se nele, evapora-se, dissolve-se e, no final, temos a «teologia da banalidade e do nada» de Bergoglio. Que, na verdade, na minha opinião, nunca foi papa; o papa era Ratzinger.

— Isso remete para um movimento tradicionalista radical, que acredita estarmos numa espécie de sede vacante, que o trono papal está vacante.
— Não sou católico, nem tradicionalista, sou um hegeliano que reconhece a mensagem verdadeira da religião. Estou de acordo com os que defendem a tese segundo a qual Ratzinger era o único papa, porque em 2013 não renunciou a ser o papa: renunciou a exercer o papel de papa. Se um advogado renunciar a exercer o seu papel, continua a ser advogado, e se há necessidade de outros advogados, eles serão nomeados.
Mas se um papa renunciar ao seu papel, continua a ser papa e, enquanto for vivo, não podem nomear outro. Por isso, de 2013 a 2022, Ratzinger era o único papa, não com sede vacante mas com sede impedida: ou seja, ele era o papa, e a sede vacante só se iniciou em 31 de Dezembro de 2022. Se Ratzinger renunciou a ser papa, porque continuou a vestir-se como um papa?

— E continuavam a chamar-lhe papa, não é verdade?
— E porque assinava como Bento XVI? Porque exibia as insígnias heráldicas? Na história da Igreja, Celestino V, quando deixa de ser papa, já não se chama Celestino V, regressa a Abruzo e abandona. Ratzinger, pelo contrário, continua a ser Bento XVI; porquê? A minha tese é que Ratzinger, em termos de direito canónico, renunciou ao ministerium mas não ao munus, ou seja, renunciou a exercer o papel de papa, mas não a ser papa. E fê-lo precisamente para impedir a deriva liberal progressista da Igreja: deu um passo ao lado, não um passo atrás.

— Mas ao fazer isso tinha menos poder para se opor.
— Sim, mas ele já não podia exercer o seu papel de papa. Tinha contra si não só o poder financeiro, mas sobretudo as forças liberais progressistas, que tramavam um primavera árabe no Vaticano para substituir aquele que chamavam «o terrorista branco», ou seja, Ratzinger. A própria Igreja estava animada por impulsos liberais progressistas. Assim, não houve dois papas entre 2013 e 2022; havia um papa, Ratzinger, e um antipapa, Bergoglio. É preciso sublinhar que muitos tentaram dizer que eles se davam bem, que eram amigos, que tinham a mesma visão, mas não é verdade. Tanto é assim que o mesmo sistema mediático que celebrava Bergoglio como uma estrela, é o mesmo que ladrava continuamente contra Ratzinger. Ratzinger era odiado, e ainda o é na sua memória, pelo sistema mediático.»

* * * * *
Extractos de la entrevista de Miguel Ángel Quintana Paz a Diego Fusaro, sobre la publicación de su libro "El fin del cristianismo".

«—Creo que estamos muy de acuerdo sobre Ratzinger, ¿no? Así que volvamos a Bergoglio. Es obvia la diferencia entre ambos, incluso hay películas sobre esa distancia entre los dos papas. Ahora bien, ¿no crees que resulta exagerado considerar que un papa, en este caso Francisco, no defiende o no piensa que Dios sea verdad?
—Es una tesis fuerte, pero apoyada a mi juicio por los discursos de Bergoglio. ¿En estos discursos quién es el buen cristiano? Esa es la pregunta. Desde un punto de vista clásico, el buen cristiano es quien cree en las razones de lo eterno y de lo divino y se comporta consecuentemente en la tierra. También puede ser un buen enemigo del poder porque, como decía santo Tomás de Aquino, si la ley terrena se opone a la ley divina, hay que oponerse al poder. Con el tiranicidio, por ejemplo.
A mi juicio, el buen cristiano en la nueva Iglesia liberal progresista de Bergoglio es el buen consumidor. La de Bergoglio y la nueva Iglesia liberal progresista es una fe de bajo coste. Para ser un buen cristiano debes creer en la globalización capitalista, debes estar en contra del soberanismo y del populismo, debes estar a favor de los puertos abiertos a la inmigración masiva. Es decir, es el mismo mensaje de la globalización neoliberal, pero situado en el ámbito teológico. Así, la Iglesia de Bergoglio se convierte en un megáfono del pensamiento único política y teológicamente correcto. En mi libro, Fin del cristianismo, digo que Bergoglio hace «una teología con el martillo» [eco del nietzscheano «filosofar con el martillo»]: destruye todos los fundamentos de la cristiandad y propone la que podríamos llamar «una religión de la banalidad», sin trascendencia, sin referencias a Jesús y a la Divinidad, sin referencias a lo eterno. ¿Para quién es el infierno, según Bergoglio? Creo que si para Bergoglio hay infierno, lo hay para los populistas, para los soberanistas, para los socialistas, para quien se opone a la globalización neoliberal.

—Es curioso lo que dices porque a Bergoglio se le acusa de ser populista, un poco por su origen argentino.
—El populismo de Bergoglio vacía la Iglesia de Roma y la abre al mundo. Bergoglio, por usar una imagen bíblica, se despreocupa de las ovejas de su propio rebaño para ir a recuperar las que están fuera. Bergoglio nunca habla a los cristianos, habla siempre a los ateos, a los musulmanes, a las religiones paganas. Con el resultado de que no trae nuevas ovejas al rebaño y, en cambio, deja salir a las que tiene. La idea de Bergoglio lleva al cumplimiento el Concilio Vaticano II, la de abrir el cristianismo al mundo para conquistar el mundo; pero, en realidad, abriéndose al mundo, el cristianismo se pierde en el mundo, se evapora, se disuelve y al final tenemos la «teología de la banalidad y de la nada» de Bergoglio. Que, por cierto, en mi opinión, nunca fue papa; el papa era Ratzinger.

—Eso conecta con un movimiento tradicionalista radical, que piensa que estamos en una especie de sedevacantismo, que el asiento papal está vacante.
—No soy católico, ni tradicionalista, soy un hegeliano que reconoce el mensaje verdadero de la religión. Estoy de acuerdo con los que defienden la tesis según la cual Ratzinger era el único papa, porque en 2013 no renunció a ser el papa: renunció a ejercer el papel de papa. Si eres abogado y renuncias a ejercer el papel de abogado, sigues siendo abogado, y si hay necesidad de otros abogados nombrarán a otros.
Pero si eres el papa y renuncias a ejercer el papel de papa sigues siendo el papa, y no pueden, mientras vivas, nombrar uno nuevo. Por eso, de 2013 a 2022, Ratzinger era el único papa, pero no con sede vacante, sino con sede impedida: es decir, él era el papa, y la sede está vacante solo desde el 31 de diciembre de 2022. ¿Por qué, si Ratzinger renunció a ser el papa, siguió vistiéndose como el papa?

—Y le seguían llamando papa, ¿no?
—¿Y por qué firmaba Benedicto XVI? ¿Por qué exhibía las insignias heráldicas? En la historia de la Iglesia, Celestino V, cuando deja de ser papa, ya no se llama Celestino V, vuelve a los Abruzos y abandona. Ratzinger, en cambio, sigue siendo Benedicto XVI, ¿por qué? Mi tesis es que Ratzinger, en términos de derecho canónico, ha renunciado al ministerium pero no al munus, por tanto ha renunciado a ejercer el papel de papa, pero no a ser el papa. Y lo hizo precisamente para impedir la deriva liberal progresista de la Iglesia: dio un paso al lado, no un paso atrás.

—Pero haciendo eso tenía menos poder para oponerse.
—Sí, pero él ya no podía ejercer su papel de papa. Tenía en contra no solo al poder financiero, sino sobre todo a las fuerzas liberales progresistas, que tramaban una primavera árabe en el Vaticano para sustituir al que llamaban «el terrorista blanco», es decir, Ratzinger. La Iglesia misma estaba animada por pulsiones liberales progresistas. Así que no hubo dos papas entre 2013 y 2022, había un papa Ratzinger y un antipapa Bergoglio. Hay que destacar que muchos han intentado decir que en realidad se llevaban bien, que eran amigos, que tenían la misma visión, pero no era cierto. Tanto es así que el mismo sistema mediático que celebraba a Bergoglio como una estrella, es el que ladraba continuamente contra Ratzinger. Ratzinger era odiado y todavía lo es en la memoria por el sistema mediático.»

Sem comentários:

Enviar um comentário