Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

29/05/2023

A 'pax americana' | La 'pax americana'



«Não é segredo algum que um dos fundamentos do globalismo é a homogenização mundial, a destruição das identidades culturais e das nações (não dos Estados), para impor uma pax americana que implica a disneyzação forçada de todo o planeta: reduzir toda a complexidade das culturas a uma papa "transumana", infantilizada e histerizada, onde uma sexualidade hipertrofiada ocupe (e dissipe) a energia mental do gado woke. Tudo isto nos pareceria um delírio, se não víssemos com os nossos próprios olhos como está a triunfar no Ocidente, e como se pretende impor ao resto da humanidade. A isto, há que juntar a visão técnica e comercial do mundo dos anglo-saxões, o culto do dinheiro e a mercantilização de todos os aspectos da existência. O objectivo é muito claro: reduzir os seres humanos a simples unidades de consumo e produção, sem outras inquietações vitais além do prazer sexual, a satisfação de necessidades cada vez mais insatisfatórias, e a obsessão compulsiva pelos seus corpos — a única realidade a que fica reduzido o ser humano quando se converte um indivíduo num átomo social. O passado não existe; o futuro muito menos. Apenas se vegeta para um eterno presente no qual não existe vida nem morte — só doença —, dominado por um emocionalismo irracional, no qual as lágrimas e os ataques de histeria vencem o discernimento; uma ficção feita realidade, onde o homem se iguala à besta e substitui os seus filhos por animais de estimação, porque a Marvel e a Disney fabricaram-lhe uma Weltanschauung, uma cosmovisão digna dos seus dotes intelectuais, suplantadas por uma inteligência artificial em todos os sentidos e interpretações da palavra.

O ocidental mediano parece-se cada vez mais com um macaco de laboratório, no qual os déspotas do biopoder brincam às experiências. Experiências que, obviamente, são pagas pelo símio.

A Europa é o local onde, com maior êxito, se realizou este projecto; onde a degradação da pessoa no indivíduo alcançou a maior intensidade. Os velhos valores do Ocidente cristão foram substituídos pelo livre mercado — que não é mais do que o livre arbítrio das oligarquias milionárias — e por uma hostilidade ao passado da nossa cultura, que se manifesta de forma anedótica, mas significativa, nas recentes agressões contra obras de arte, praticadas por betinhos universitários. O labor de demolição cultural levado a cabo pelas elites une-se à criação de um novo conglomerado humano, um insípido melting pot, um aluvião nómada que substitua demograficamente as velhas nações e origine uma "desidentificação" radical do que sobra da Europa e da herança dos seus antepassados, com o seu espírito, com o seu genus loci. Nada poderá satisfazer mais ao establishment colonial da "Europa" que converter a incendiada Notre-Dame de Paris, um dos centros motores da Dei gesta per francos, num centro multicultural, ecuménico e inter-religioso.»

* * * * *

«No es ningún secreto que una de las claves del globalismo es la homogeneización mundial, la destrucción de las identidades culturales y de las naciones (que no de los estados) para imponer una pax americana que implica la disneyzación forzosa de todo el planeta: reducir toda la complejidad de las culturas a una papilla “transhumana”, infantiloide e histerizada, donde una sexualidad hipertrófica ocupe (y disipe) la energía mental del ganado woke. Todo esto nos parecería un delirio si no viésemos con nuestros propios ojos cómo está triunfando en Occidente y cómo se pretende imponer al resto de la humanidad. A ello hay que unir la visión comercial y técnica del mundo de los anglosajones, el culto del dinero y la mercantilización de todos los aspectos de la existencia. El objetivo es muy claro: reducir a los seres humanos a simples unidades de consumo y producción, sin más inquietudes vitales que el placer sexual, la satisfacción de necesidades cada vez más insatisfactorias y la obsesión compulsiva por sus cuerpos, única realidad a la que queda reducido el ser humano cuando se convierte en individuo, en átomo social. El pasado no existe; el futuro, tampoco. Sólo se vegeta para un eterno presente en el que no hay vida ni muerte, sólo enfermedades, dominado por un emocionalismo irracional, en el que las lágrimas y los ataques de histeria vencen a los razonamientos; una ficción hecha realidad, donde el hombre se iguala con el animal y a sus hijos los sustituye por mascotas, porque Marvel y Disney le han fabricado una Weltanschauung, una cosmovisión digna de sus dotes intelectuales, suplantadas por una inteligencia artificial en todos los sentidos y matices de la palabra.

El occidental medio cada vez se parece más a un mono de laboratorio, con el que los déspotas del biopoder juegan a los experimentos. Experimentos que, por supuesto, paga el simio.

Europa es el lugar donde con más éxito se ha realizado este proyecto, donde la degradación de la persona en individuo ha alcanzado la mayor intensidad. Los viejos valores del Occidente cristiano han sido sustituidos por el libre mercado —que no es sino el libre arbitrio de las oligarquías multimillonarias— y por una hostilidad hacia el pasado de nuestra cultura, que se manifiesta de forma anecdótica pero significativa en las recientes agresiones contra obras de arte cuyos ejecutores son niñatos universitarios. La labor de demolición cultural llevada a cabo por las élites se une a la creación de un nuevo conglomerado humano, de un insípido melting pot, de un aluvión nómada que reemplace demográficamente a las viejas naciones y dé origen a una radical “desidentificación” de lo que quede de Europa con la herencia de sus mayores, con su espíritu, con su genus loci. Nada puede satisfacer más al establishment colonial de “Europa” que convertir a la incendiada Notre-Dame de París, uno de los centros motores de la Dei gesta per francos, en un centro multicultural, ecuménico e interreligioso.»

26/05/2023

O embuste eleitoral | El engaño electoral


«O monumental escândalo da compra de votos [...] põe-nos, de modo brutal, perante uma realidade incómoda e inquietante. É o tipo de coisas que acaba por invalidar a legitimidade das democracias liberais, nas quais não acreditam sequer os que vivem delas.

Afirmam por um lado a sacralidade da soberania popular e da vontade do povo, a seguir compram miseravelmente os votos para distorcer os resultados eleitorais. A vontade do povo não passa da manipulação das massas pelo poder. Assim, sustentando-se na transferência de vontades por troca de interesses espúrios, conseguem os seus objectivos. Não dizem eles que o povo é sábio e que nunca se engana? E, no entanto, dedicam-se a manipulá-lo, porque não confiam em votantes que escolhem os seus representantes pelas razões mais peregrinas e efémeras. O povo foi convertido no esgoto de todos os detritos morais que o poder destila através dos seus terminais mediáticos. Por isso, são políticos imundos os que actuam num sistema imundo.

Já Ortega y Gasset tinha profetizado, em 1927, que "este homem-massa é o homem previamente esvaziado da sua própria história, sem entranhas de passado e, por esse facto, dócil para com todas as disciplinas chamadas «internacionais». Mais que um homem, é apenas uma carapaça de homem constituída por meros idola fori [NT: ídolos do mercado, conceito que remete para as falácias originadas pela manipulação da linguagem]: carece de um «dentro», de uma intimidade sua, inexorável e inalienável, de um «eu» que não se possa revogar. Por isto mesmo, está sempre disponível para fingir ser qualquer coisa. Só tem apetites, acredita que só tem direitos e não acredita ter obrigações: é o homem sem a nobreza que obriga -- sine nobilitate --, snob.” Os amos da gentalha que nos governa tomaram boa nota de tudo isto, e alcançaram objectivos muito além das suas expectativas. [...]

Assim, os programas eleitorais, e os correspondentes debates entre os candidatos, parecem todos iguais, porque o que verdadeiramente nos interessa já foi decidido: as crianças que abortarão, os doentes que eutanasiarão, os adolescentes que castrarão, os jovens que perverterão e os impostos com que nos empobrecerão. E decidiram-no sem nos perguntar, uma vez que nos desprezam.»

* * * * *

«El monumental escándalo de la compra de votos [...] nos pone con brutalidad ante una realidad incómoda e inquietante. Este tipo de cosas acaba invalidando la legitimidad de las democracias liberales, en las que ni siquiera creen los que viven de ellas.

Afirman por un lado la sacralidad de la soberanía popular y de la voluntad del pueblo, y luego compran miserablemente los votos para torcer los resultados electorales. La voluntad del pueblo no es más que la manipulación de las masas por el poder. Así, a base de enajenar voluntades a cambio de espurios intereses consiguen sus objetivos. ¿No dicen ellos que el pueblo es sabio y nunca se equivoca? Y, sin embargo, se dedican a manosearlo, porque no se fían de unos votantes que eligen a sus representantes por las razones más peregrinas y pasajeras. El pueblo ha sido convertido en el sumidero de todos los detritus morales que destila el poder a través de sus terminales mediáticas. Por ello, son políticos basurizados que actúan en un sistema basura.

Ya profetizó Ortega y Gasset en 1927 que “este hombre-masa es el hombre previamente vaciado de su propia historia, sin entrañas de pasado y, por lo mismo, dócil a todas las disciplinas llamadas «internacionales». Más que un hombre, es sólo un caparazón de hombre constituido por meros idola fori; carece de un «dentro», de una intimidad suya, inexorable e inalienable, de un yo que no se pueda revocar. De aquí que esté siempre en disponibilidad para fingir ser cualquier cosa. Tiene sólo apetitos, cree que tiene sólo derechos y no cree que tiene obligaciones: es el hombre sin la nobleza que obliga --sine nobilitate--, snob.” Los amos de la gentuza que nos gobierna tomaron buena nota de todo ello y lo han conseguido más allá de sus expectativas. [...]

Así pues, los programas electorales y los debates correspondientes entre los candidatos parecen todos iguales, porque lo que verdaderamente nos interesa ya lo han decidido: los niños que abortarán, los enfermos que eutanasiarán, los adolescentes que castrarán, los jóvenes que pervertirán y los impuestos con los que nos esquilmarán. Y lo han decidido sin preguntarnos, ya que nos desprecian.» (Alerta Digital)

20/05/2023

A ideologia liberal e o pensamento único (e 2) | La ideología liberal y el pensamiento único (y 2)



«Quando a Rússia aceitou formar parte do mundo ocidental, esforçando-se até desesperadamente por fazê-lo, assimilámos tudo: a modernização, a digitalização, a pós-modernização. Assim, fomos perdendo rapidamente o que era peculiar da nossa civilização russa. Este processo destrutivo também se viu facilitado pelo período soviético da nossa história. A ciência e a educação estavam então dominadas pelo materialismo, pelo ateísmo, pelo culto cego ao progresso técnico e pelo desprezo pelos fundamentos religiosos e pela identidade subjacente. Mas, ali, tudo se levava a cabo em nome da sociedade no seu conjunto. O liberalismo, por sua vez, enquanto preservava o materialismo e o ateísmo, começou também a destruir a sociedade. [...]

Desenvolveu-se, assim, uma situação paradoxal. Já estamos em guerra, mas ainda não compreendemos plenamente a nossa função nesta guerra de civilizações. Nem sequer podemos falar em construir sobre a sua base uma epistemologia digna desse nome, toda uma série de teorias científicas, que constituiriam então a base das disciplinas humanísticas. Mas o Ocidente e o liberalismo combatem-nos precisamente nesta capacidade. Entendem muito bem quem realmente somos, e atacam inclusivamente aquilo que ainda não se estabeleceu. De certo modo, entendem-nos melhor do que nós próprios. E por isso nos odeiam -- não tanto pelo presente, mas pelo passado e pelo futuro, que é nosso, profundo e eterno.»

* * * * *

«Cuando Rusia aceptó formar parte del mundo occidental, incluso esforzándose desesperadamente por hacerlo, lo asimilamos todo: la modernización, la digitalización, la post-modernización. Así fuimos perdiendo rápidamente lo que era peculiar de nuestra civilización rusa. Este proceso destructivo también se vio facilitado por el periodo soviético de nuestra historia. Entonces la ciencia y la educación estaban dominadas por el materialismo, el ateísmo, el culto ciego al progreso técnico y el desprecio por los fundamentos religiosos y la identidad subyacente. Pero allí todo se llevaba a cabo en nombre de la sociedad en su conjunto. El liberalismo, al tiempo que preservaba el materialismo y el ateísmo, también empezó a destruir la sociedad. [...]

Así que se ha desarrollado una situación paradójica. Ya estamos en guerra, pero aún no hemos comprendido plenamente nuestra función en esta guerra de civilizaciones. Ni siquiera podemos hablar de construir sobre su base una epistemología en toda regla, toda una serie de teorías científicas, que constituirían entonces la base de las disciplinas humanísticas. Pero Occidente y el liberalismo nos combaten precisamente en esta capacidad. Entienden muy bien quiénes somos realmente, y atacan incluso lo que aún no se ha establecido del todo. En cierto modo, nos entienden mejor que nosotros mismos. Y por eso nos odian - no tanto por el presente, sino por el pasado y el futuro, por nuestro profundo y eterno.»

19/05/2023

A ideologia liberal e o pensamento único (1) | La ideología liberal y el pensamiento único (1)



«Agora, a ideologia. Quando entramos em conflito directo com o Ocidente, como civilização contra civilização, encontramo-nos numa posição desigual. Porque o Ocidente conhece os fundamentos da sua civilização, a sua ideologia é clara, está prescrita em todos os livros e textos ocidentais, está presente em todas as universidades, em todos os planos de estudo. E não só no próprio Ocidente. Em todo o mundo e, por desgraça, também no nosso país. Toda a ciência humanista contemporânea está construída sobre princípios liberais, em todo o lado o indivíduo está à cabeça. É este o caso da filosofia, da sociologia, da antropologia, da culturologia, da economia, da psicologia, da ciência política, das relações internacionais, da etnologia, etc. Para onde quer que se olhe, qualquer livro que se abra, de certeza que é propaganda liberal.
Na teoria das relações internacionais, o paradigma liberalista com o seu apelo directo a um Governo Mundial, com uma série de acrescentos pós-modernistas (teoria de género, construtivismo, etc.) é evidente. Outras teorias, e, sobretudo, o realismo, mencionam-se de passagem, com uma crítica implícita. [...]

Em toda a parte na episteme hoje dominante, encontramos a celebração do indivíduo, assim como uma crítica directa ou indirecta de toda a totalidade, holismo e hierarquia, a desconstrução do colectivo em átomos, o desmantelamento de tudo o que de um modo ou outro está relacionado com a sociedade tradicional. Os estudos de género, o transumanismo, a ecologia profunda, a inteligência artificial e a engenharia genética representam a vanguarda desta tendência: aqui, o próprio indivíduo já está a descompor-se, dando lugar a um exótico conjunto de componentes humanos, mecânicos e animais.
Na ciência e na educação do Ocidente, a linha principal está firmemente estabelecida: a emancipação relativamente à identidade colectiva. É este, praticamente, todo o conteúdo da educação liberal.»

* * * * *

«Ahora, la ideología. Cuando entramos en conflicto directo con Occidente, como civilización contra civilización, nos encontramos en una posición desigual. Porque Occidente conoce los fundamentos de su civilización, su ideología es clara, está prescrita en todos los libros de texto occidentales, está presente en todas las universidades, en todos los planes de estudio. Y no sólo en el propio Occidente. En todo el mundo y, por desgracia, también en nuestro país. Toda la ciencia humanística contemporánea está construida sobre principios liberales, en todas partes el individuo está a la cabeza. Y este es el caso de la filosofía, la sociología, la antropología, la culturología, la economía, la psicología, la ciencia política, las relaciones internacionales, la etnología, etc. Mires donde mires, abras el libro de texto que abras, seguro que es propaganda liberal.
En la teoría de las relaciones internacionales, el paradigma liberalista con su llamamiento directo a un Gobierno Mundial más una serie de añadidos posmodernistas (teoría de género, constructivismo, etc.) es evidente. Otras teorías, y sobre todo el realismo, se mencionan de pasada con una crítica implícita. [...]

En todas partes de la episteme dominante de hoy en día encontramos la celebración del individuo, así como una crítica directa o indirecta de toda totalidad, holismo y jerarquía, la deconstrucción de lo colectivo en átomos, el desmantelamiento de todo lo que de un modo u otro está relacionado con la sociedad tradicional. Los estudios de género, el transhumanismo, la ecología profunda, la Inteligencia Artificial y la ingeniería genética representan la vanguardia de esta tendencia: aquí el propio individuo ya se está descomponiendo, dando paso a un exótico conjunto de componentes humanos, mecánicos y animales.
En la ciencia y la educación en Occidente, la línea principal está firmemente establecida: la emancipación de la identidad colectiva. Este es prácticamente todo el contenido de la educación liberal

04/05/2023

França contra Macron | Francia contra Macron



«A esquerda diz estar em pé de guerra contra a reforma das pensões levada a cabo pelo presidente da República, e grita "Macron demissão". Mas, como esquecer que essa mesma esquerda contribuiu para a sua eleição, duas vezes consecutivas, em 2017 e em 2022? [...]

Refugiado atrás das instituições da V República que, convém recordar, dão preeminência ao executivo e permitem ao presidente da República, inclusivamente, impor uma suspensão excepcional da legalidade (artigo 16), Emmanuel Macron não teme nem a rua nem a impopularidade.
Se faltam munições aos nossos exércitos, esse não é o caso das nossas "forças da ordem", que estarão sempre aí para proteger o poder. E os polícias e guardas suplementares que estão a ser recrutados para os Jogos Olímpicos, não serão depois despedidos, é óbvio que não.
"A república tem sorte, pode fuzilar o povo", disse, desiludido, o rei Luís Filipe no exílio. Apostamos que Emmanuel Macron não duvidará em fazê-lo, se for necessário. Os coletes amarelos que ficaram vesgos, podem testemunhá-lo. [...]

É verdade que a popularidade de Emmanuel Macron e do seu governo não é grande coisa. E, em muitos aspectos, a reforma das pensões foi, para muitos, a iniciativa que ia longe de mais. Mas, o que muda realmente?
Não muito, porque, em qualquer caso, Emmanuel Macron não pode apresentar-se a outro mandato. E tratam-se apenas de sondagens, não de votações. Na Assembleia Nacional sempre se acabará por encontrar uma maioria, graças à esquerda e à "Republique en marche", cujos deputados estarão sempre dispostos a ir comer à gamela.

De qualquer modo, na pós-democracia europeia, a função do Estado já não consiste em responder às necessidades e expectativas dos cidadãos, mas em impor as mudanças desejadas pela oligarquia. A sua função é meramente coerciva.»

* * * * *

«La izquierda dice estar en pie de guerra contra la reforma de las pensiones emprendida por el presidente de la República, y grita "Macron dimisión". Pero ¿cómo olvidar que esa misma izquierda le hizo salir elegido, dos veces consecutivas, en 2017 y en 2022? [...]

Refugiado tras las instituciones de la V República que, conviene recordar, dan preeminencia al ejecutivo e incluso permiten al presidente de la República imponer una suspensión excepcional de la legalidad (artículo 16), Emmanuel Macron no teme ni a la calle ni a la impopularidad.
Si a nuestros ejércitos les faltan municiones, no es el caso de nuestras "fuerzas del orden", que siempre estarán ahí para proteger al poder. Y los policías y gendarmes suplementarios que se están reclutando para los Juegos Olímpicos no serán despedidos después, desde luego que no.
"La república tiene suerte, puede fusilar al pueblo", dijo desilusionado el rey Luis Felipe en el exilio. Apostemos a que Emmanuel Macron no dudará en hacerlo, si es necesario. Los chalecos amarillos que han quedado tuertos pueden dar fe de ello. [...]

Es cierto que la popularidad de Emmanuel Macron y de su gobierno no es buena. Y en muchos aspectos, la reforma de las pensiones ha sido, para muchos, la iniciativa que iba demasiado lejos. Pero, ¿qué cambia realmente?
No mucho, porque en cualquier caso Emmanuel Macron no puede presentarse a otro mandato. Y se trata tan sólo encuestas, no de votaciones. En la Asamblea Nacional siempre acabará encontrando una mayoría, gracias a la izquierda y a La République en marche, cuyos diputados siempre estarán dispuestos a ir al comedero.

En cualquier caso, en la posdemocracia europea, la función del Estado ya no consiste en responder a las necesidades y expectativas de la población, sino en imponer los cambios que desea la oligarquía. Su función es meramente coercitiva.»