Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

23/01/2023

A era da vitimização (2) | La era de la victimización (2)



«Um exemplo perverso da actual era da vitimização resume-se nas aspirações do neofeminismo e da ideologia de género – esses produtos ideológicos fabricados nos laboratórios estado-unidenses –, pensadas presumivelmente para evitar “todas” as discriminações e que se baseiam, precisamente, na discriminação, mediante a sua demonização, da heterossexualidade e das relações binárias entre os dois sexos, em particular quando estas interacções se produzem entre pessoas “brancas” e, sobretudo, quando uma delas é um homem “branco”. Há que proteger as vítimas potenciais, frequentemente imaginárias, desses homens brancos que, indefectivelmente, possuem uma consciência, ainda que não o saibam, fascista, racista, colonialista e machista.

A vítima converteu-se na principal categoria discriminante no seio das nossas sociedades. É o que se denominou como a “era da vitimização”, que se traduz em termos de reconhecimento, tratamento (reparação e compensação) e exploração simbólica, fazendo da vítima uma categoria única na análise sociológica, que se repercute numa reconfiguração das identidades em torno da decadente moral ocidental. Os principais patrocinadores desta nova “lógica vitimista” são as ONGs humanitárias, os grandes magnatas e as suas doações milionárias (leia-se, por exemplo, Soros), mas também os Estados e as Assembleias parlamentares. Todos partilham do “grande relato vitimista”, gerado na mesma ideologia vitimista na qual se opera, na relação entre o indivíduo e a sociedade, uma isenção do primeiro a respeito de qualquer responsabilidade que, simultaneamente, se desvia para um colectivo sem rosto nem personalidade, produzindo assim um reordenamento das relações de confiança, que são um dos princípios básicos da estrutura social. Um exemplo evidente são as chamadas “leis de memória histórica” [relativas à Guerra Civil espanhola]: os heróis são esquecidos, só interessam as vítimas.

Isto deve-se à mudança do estatuto da vítima nas nossas sociedades. Já não se trata, essencialmente, de uma figura com conotações negativas, própria de uma desgraça ou de um destino implacável e impenetrável, o fatum dos Antigos, que considerava a vítima como alguém predestinado, que se encontrava no lugar e no momento inadequados, que, no pior dos casos, era castigada pelas suas acções ou omissões ou, simplesmente, pela ironia do destino. Agora, pelo contrário, procuram-se as razões, as causas, estabelecem-se responsabilidades “humanitárias” pelas quais devem sempre responder alguns indivíduos, grupos ou comunidades, ou os seus descendentes, em termos de reparação, compensação e restabelecimento de uma situação anterior, ainda que seja apenas mediante uma promessa ou uma esperança simbólica. A vítima converte-se assim numa figura central do direito do Estado e dos Tribunais. É indiferente que se trate de uma vítima de um acidente de trânsito ou de um conflito armado, para não falar das vítimas das “causas sociais” (mulheres, imigrantes, homossexuais, animais...). Hoje, a pertença (adquirida ou optada) a uma minoria equivale à consideração passiva como vítima, que deve ser objecto de protecção e indemnização. Assistimos a um movimento de subjectivação da ideia de vítima, enfatizam-se os sentimentos, as percepções, as consciências, situando-se num segundo plano o facto ou acontecimento que causa o dano ou prejuízo (o que, a ser reconhecido, faria dela uma “vítima objectiva”). Ao contrário, faz-se moda da “vítima subjectiva”, o seu sofrimento, as consequências morais e psíquicas provocadas por um acto de violência ou de discriminação, sem valorizar o grau de intencionalidade ou de criminalidade, ou simplesmente de casualidade ou causalidade.»

* * * * *

«Un ejemplo perverso de la actual era de la victimización se resume en las aspiraciones del neofeminismo y de la ideología de género ‒esos productos ideológicos fabricados en los laboratorios estadounidenses‒, pensadas presuntamente para evitar “todas” las discriminaciones y que se basan, precisamente, en la discriminación, mediante su demonización, de la heterosexualidad y de las relaciones binarias entre los dos sexos, en particular cuando estas interacciones se producen entre personas “blancas”, y sobre todo cuando una de ellas es un hombre “blanco”. Hay que proteger a las víctimas potenciales, a menudo imaginarias, de esos hombres blancos que, indefectiblemente, poseen una conciencia, aun sin saberlo, fascista, racista, colonialista y machista.

La víctima se ha convertido en la principal categoría discriminante en el seno de nuestras sociedades. Es lo que se ha denominado como la “era de la victimización”, que se traduce en términos de reconocimiento, tratamiento (reparación y compensación) y explotación simbólica, haciendo de la víctima una categoría única en el análisis sociológico que impacta en una reconfiguración de las identidades en torno a la decadente moral occidental. Los principales valedores de esta nueva “lógica victimista” son las ONG humanitarias, los grandes emprendedores y sus millonarias donaciones (léase, por ejemplo, Soros), pero también los Estados y las Asambleas parlamentarias. Todos comparten el “gran relato victimista” que participa de una misma ideología victimista en la que se opera, en la relación entre el individuo y la sociedad, una exención respecto al primero de cualquier responsabilidad que, simultáneamente se desvía hacia un colectivo sin rostro ni personalidad, produciendo así una reordenación de las relaciones de confianza que son uno de los principios básicos de la estructura social. Un ejemplo evidente son las llamadas “leyes de memoria histórica”: los héroes son olvidados, solo interesan las víctimas.

Esto se debe al cambio de estatuto de la víctima en nuestras sociedades. Ya no se trata, esencialmente, de una figura con connotaciones negativas, propia de una desgracia o de un destino implacable e impenetrable, el fatum de los Antiguos, que consideraba a la víctima como alguien que no había tenido ninguna posibilidad, que se encontraba en el lugar y en el momento inadecuados, que, en el peor de los casos, era castigada por sus acciones o por sus omisiones o, simplemente, por la ironía del destino. Ahora, sin embargo, se buscan las razones, las causas, se establecen responsabilidades “humanitarias” de las que siempre deben responder algunos individuos, grupos o comunidades, o sus descendientes, en términos de reparación, compensación y restablecimiento de una situación anterior, aunque solo sea mediante una promesa o esperanza simbólica. La víctima se convierte así en una figura central del derecho del Estado y de los Tribunales. Es indiferente que se trate de la víctima de un accidente de tráfico o de un conflicto armado, por no hablar de las víctimas de las “causas sociales” (mujeres, inmigrantes, homosexuales, animales…). Hoy, la pertenencia (adquirida o elegida) a una minoría equivale a la consideración pasiva como víctima que debe ser objeto de protección e indemnización. Asistimos a un movimiento de subjetivación de la idea de víctima, se enfatizan los sentimientos, las percepciones, las conciencias, situando en un segundo plano el hecho o acontecimiento que causa el daño o el perjuicio (lo que, de reconocerse, haría de ella una “víctima objetiva”). Por contra, se pone de moda la “víctima subjetiva”, su sufrimiento, las consecuencias morales y psíquicas creadas por un acto de violencia o de discriminación, sin valorar el grado de intencionalidad o de criminalidad, o simplemente de casualidad o de causalidad.»

Sem comentários:

Enviar um comentário