Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

22/01/2023

A era da vitimização (1) | La era de la victimización (1)




«Alain de Benoist previne-nos de algo insólito: o Gulag e os comissários políticos não desapareceram, contra toda a lógica, mas continuam omnipresentes nas nossas sociedades para impor o “pensamento único” e censurar e perseguir o “pensamento crítico dissidente”. O autor descreve-nos todo um sistema neoinquisitorial técnico-político-judicial-mediático direccionado ao estabelecimento de um totalitarismo soft, uma Nova Ordem moral imposta pela Nova Classe mundial, uma perversa combinação do Panóptico de Jeremy Bentham com o “1984” de George Orwell, num mercado global de mensagens presumidamente democráticas e “transparentes”. Por fim, o autor recorda-nos que “não há nada mais transparente do que o vazio” e, portanto, insta-nos a “continuar a ser opacos”.

Queria insistir num aspecto que Alain de Benoist aborda, de modo algo incidental mas muito certeiro, ao longo do seu livro [A Capa de Chumbo: Uma desconstrução das novas censuras], que me parece muito interessante pelo jogo que decorre no grande universo inquisitorial dos meios de comunicação e (des)informação. Trata-se da “grande substituição” do herói pela vítima, nas nossas sociedades ocidentais. Para Alain de Benoist existem duas causas fundamentais que explicam esta substituição: o descrédito dos valores heróicos e o triunfo da ideologia vitimista, lacrimogénea e exibicionista. Os valores heróicos, desde a perspectiva da ideologia dominante – hedonista, individualista e utilitarista –, são percebidos como algo obsoleto e repulsivo, próprio de uma tradição cultural europeia que deve ser aniquilada. Os heróis são demasiado guerreiros para uma época que aspira à paz universal, demasiado viris para uma época que considera tóxica a masculinidade. As vítimas, pelo contrário, longe de fomentar a sensibilidade e a solidariedade, difundem o sentimentalismo lamechas do humanitarismo através do impacto das imagens audiovisuais: a morte de um herói é um facto circunstancial que se celebra nos seus círculos mais íntimos e privados; a morte da vítima – é indiferente que se trate de uma pessoa, um animal ou um vegetal – é um acontecimento mundial que se retransmite por toda a parte. E desta ideologia vitimista deriva, segundo Alain de Benoist, a “luta contra todas as discriminações”, que consiste em confundir a discriminação (que, na origem, não era mais do que a diferenciação ou separação em graus ou níveis de tratamento) com a injustiça. Há discriminações, por exemplo, perfeitamente justas: um cidadão que beneficia de certos direitos e prerrogativas (como contrapartida das suas obrigações ou encargos, como é evidente) que não se concedem aos não-cidadãos; pelo contrário, há injustiças que não implicam nenhuma discriminação por motivo de raça ou sexo, como as desigualdades sociais, que não derivam da necessidade de um tratamento diferenciado, mas da exploração do trabalho pelo sistema capitalista.»

* * * * *

«Alain de Benoist nos previene de algo insólito: el Gulag y los comisarios políticos, contra toda lógica, no han desaparecido, sino que siguen omnipresentes en nuestras sociedades para imponer el “pensamiento único” y censurar y perseguir el “pensamiento crítico disidente”. El autor nos describe todo un sistema neoinquisitorial técnico-político-judicial-mediático dirigido al establecimiento de un totalitarismo soft, un Nuevo Orden moral impuesto por la Nueva Clase mundial, una perversa combinación del Panóptico de Jeremy Bentham y de 1984 de George Orwell en un mercado global de mensajes presuntamente democráticos y “transparentes”. Al final, el autor nos recuerda que “no hay nada más transparente que el vacío” y, por tanto, nos exhorta a “seguir siendo opacos”.

Quisiera insistir en un aspecto que Alain de Benoist aborda, de manera algo incidental pero muy certeramente, a lo largo de su libro [La Capa de Plomo: Una deconstrucción de las nuevas censuras], pero que me parece muy interesante por el juego que ofrece en el universo inquisitorial de los medios de comunicación y (des)información. Se trata de la “gran sustitución” del héroe por la víctima en nuestras sociedades occidentales. Para Alain de Benoist existen dos causas fundamentales que explican este reemplazo: el descrédito de los valores heroicos y el triunfo de la ideología victimista, lacrimógena y exhibicionista. Los valores heroicos, desde la perspectiva de la ideología dominante ‒hedonista, individualista y utilitarista‒, son percibidos como algo obsoleto y repulsivo y propio de una tradición cultural europea que debe ser aniquilada. Los héroes son demasiado guerreros para una época que aspira a la paz universal, demasiado viriles para una época que considera tóxica la masculinidad. Las víctimas, por el contrario, lejos de fomentar la sensibilidad y la solidaridad, difunden la sensiblería humanitarista a través del impacto de las imágenes audiovisuales: la muerte de un héroe es un hecho circunstancial que se conmemora en sus círculos más íntimos y privados; la muerte de una víctima ‒es indiferente que se trate de una persona, un animal o un vegetal‒ es un acontecimiento mundial que se retransmite por todo el mundo. Y de esta ideología victimista deriva, según Alain de Benoist, la “lucha contra todas las discriminaciones”, que consiste en confundir la discriminación (que, en origen, no era otra cosa que distinción o separación en grados o niveles de tratamiento) con la injusticia. Hay discriminaciones, por ejemplo, perfectamente justas: un ciudadano se beneficia de ciertos derechos y prerrogativas (en contraprestación a sus obligaciones y cargas, por supuesto) que no se conceden a los no-ciudadanos; por el contrario, hay injusticias que no implican ninguna discriminación por razón de raza o sexo, como las desigualdades sociales, que no derivan de la necesidad de un tratamiento diferenciado, sino de la explotación del trabajo por el sistema capitalista.»

Sem comentários:

Enviar um comentário