Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

24/08/2022

Ideias e valores do Ocidente (2) | Ideas y valores de Occidente (2)



«A gaytitude como messianismo de minorias, como consciência de uma superioridade moral, como custódio do fogo sagrado da liberdade entendida ao modo americano. A gaytitude como exigência perante o mundo de uma ovação admirada por erigir o sexo, e nada mais que o sexo, no epicentro do debate sociopolítico e de toda a atitude perante a vida. A gaytitude, ou como contemplar o mundo, a vida, a sociedade, a história e as relações de produção através da escotilha da popa. Aí reside a repugnância instintiva que o circo gay ainda causa em boa parte da população. Não são as orientações sexuais particulares, quaisquer que elas sejam, o que provoca a rejeição, mas a intuição de que tanta gritaria exibicionista e tanto hedonismo gorduroso delata uma outra realidade, a que é própria de obcecados sexuais.

Sim, é preciso admitir que o movimento gay está na vanguarda da realização do velho sonho do Maio de 68 – iniciado, não o esqueçamos, nos campus norte-americanos – de um hedonismo individualista ao qual nenhum limite colectivo possa colocar freios. Mas hoje sabemos bem que esse paraíso na terra – despojado já das suas retóricas “revolucionárias” – entende-se na perfeição com o capitalismo global e com a sociedade de consumo, o sistema que melhor se adapta às suas exigências. A gaytitude transforma-se num reforço cultural perfeito para uma sociedade atomizada pelo direito liberal, uma sociedade onde cada qual persegue apenas os seus interesses, onde a erosão das antigas crenças e a fractura do vínculo social apenas deixa em pé ao mais vulgar dos vínculos: o dinheiro.»

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«La gaytitud como mesianismo de minorías, como conciencia de una superioridad moral, como custodio del fuego sagrado de la libertad entendida al modo americano. La gaytitud como exigencia ante el mundo de una ovación admirada por erigir el sexo y nada más que el sexo en el epicentro del debate sociopolítico y de toda actitud ante la vida. La gaytitud, o cómo contemplar el mundo, la vida, la sociedad, la historia y las relaciones de producción a través de la escotilla de popa. Ahí reside la repugnancia instintiva que el circo gay todavía causa en buena parte de la población. No son las orientaciones sexuales particulares, cualesquiera que éstas sean, las que provocan rechazo, sino la intuición de que tanto exhibicionismo chillón y tanto hedonismo pringoso delata otra realidad, la propia de obsesos sexuales.

Sí, es preciso admitir que el movimiento gay está a la vanguardia en la realización del viejo sueño sesentayochista –iniciado, no lo olvidemos, en los campus norteamericanos– de un hedonismo individualista al que ninguna cortapisa colectiva pueda poner frenos. Pero hoy sabemos bien que ese paraíso en la tierra –despojado ya de sus retóricas “revolucionarias”– se aviene a la perfección con el capitalismo global y con la sociedad de mercado, el sistema que mejor se adapta a sus demandas. La gaytitud deviene un refuerzo cultural perfecto para una sociedad atomizada por el derecho liberal, una sociedad donde cada cuál sólo persigue su interés, donde la erosión de las antiguas creencias y la fractura del vínculo social sólo deja en pie al más común de los vínculos: el dinero.»

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