Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

07/08/2022

A invasão turística (1) | La invasión turística (1)



«Para entender a transformação do planeta em “universo excursionário” e a dos nossos velhos lugares em parques de atracções, onde o turista vem contemplar os vestígios daquilo que o turismo destrói, não há melhor guia que o escritor que foi o cronista implacável desta mutação. O turismo é, com efeito, a actividade festiva e pós-histórica por excelência desde o momento em que, sob a ideia de aprender com as diferenças, não fez mais do que colocá-las sob a sua bitola, reclamando que nos adaptemos a ela e às suas necessidades calibradas. Nada se parece mais com uma multidão a sair de um autocarro em Roma, depois de vinte e quatro horas de viagem, que outra multidão a sair do mesmo veículo em São Petersburgo ou na Normandia. “É todo o lúgubre paradoxo do nosso tempo: apagar o “outro lugar” através da uniformização mundialista, e vender depois esse “outro lugar” destruído como um “outro lugar” autêntico, certificado”, escreve Muray. A isto, é preciso acrescentar que o turista contemporâneo não se alimenta só de hambúrgueres, também quer comer e divertir-se. Pede o seu lote de festivais, concertos e outros ajuntamentos, quer tradições esquecidas e recicladas ao gosto actual, e grandes eventos desportivos.

Infelizmente, todos esses esforços têm resultados. Os turistas sabem-no. Nem os ladrões, nem a falta de lavabos públicos, nem as greves dos transportes, não há nada que atenue o fluxo contínuo que se verte sobre as grandes cidades europeias, orgulhosas por se terem convertido em “cidades-mundo”. E converteu-se numa tradição anual, o anúncio triunfal, por um ministro, dos “números do turismo” com a imprensa a aplaudir.»

* * * * *

«Para entender la transformación del planeta en “universo excursionario” y la de nuestros viejos lugares en parques de atracciones donde el turista viene a contemplar los vestigios de lo que el turismo destruye, no hay mejor guía que el escritor que ha sido el cronista implacable de esta mutación. El turismo es, en efecto, la actividad festiva y posthistórica por excelencia desde el momento en que, bajo la idea de aprender de las diferencias, no ha hecho más que ponerlas bajo su vara de medir reclamando que nos adaptemos a ella y a sus necesidades calibradas. Nada se parece más a una multitud bajando de un autobús en Roma después de veinticuatro horas de viaje que otra multitud bajándose del mismo vehículo en San Petersburgo o en Normandía. “Es toda la paradoja lúgubre de nuestro tiempo: borrar el “otro lugar” a través de la uniformización mundialista, y vender después ese “otro lugar” destruido como “otro lugar” auténtico, certificado”, escribe Muray. A esto, hay que añadir que el turista contemporáneo no se alimenta solo de hamburguesas, quiere también comer y divertirse. Pide su lote de festivales, conciertos y otras reuniones, quiere tradiciones olvidadas y recicladas al gusto de hoy, y grandes eventos deportivos.

Desafortunadamente, todos esos esfuerzos tienen resultados. Los turistas lo saben. Ni los ladrones, ni la falta de baños públicos, ni los transportes en huelga, nada puede con el flujo continuo que se vierte sobre las grandes ciudades europeas orgullosas de haberse convertido en “ciudades-mundo”. Se ha convertido en una tradición anual que un ministro anuncie las “cifras del turismo” con sonidos triunfales y la prensa aplaudiendo.»

Sem comentários:

Enviar um comentário