Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

24/07/2022

No mundo da globalização | En el mundo de la globalización



«O alarme foi dado por Christopher Lasch em 1994: o hipercrescimento da economia global e a insustentabilidade dos sistemas de bem-estar social estavam a criar um novo fosso. Tal como Ortega y Gasset predisse em 1927 a “rebelião das massas”, hoje podia falar-se de uma “rebelião das elites”. Com efeito, nas nossas sociedades pós-modernas, desconjuntadas e entregues ao niilismo da máquina, o problema já não é o assalto das massas urbanas ao poder social, contra as velhas hierarquias. O problema de hoje é que as elites, os que mandam, os que dirigem este difícil caos, renunciaram a qualquer sentido de responsabilidade.

Refugiados nas suas luxuosas zonas residenciais, longe da comunidade e alheios aos procedimentos democráticos de eleição (nos quais, no entanto, a gente comum continua a acreditar a pés juntos), a Nova Classe dos políticos profissionais, dos comunicadores famosos e dos banqueiros anónimos, limita-se a governar de forma cada vez mais impessoal – e, portanto, cada vez mais irresponsável – os dados frios da vida social. O rosto da tecnocracia é hoje omnipresente. Nada se pode fazer contra eles, porque já não se vêem. No velho mundo mandavam os imperadores; hoje mandam os reguladores. Esta era a mensagem de Christopher Lasch.

O que Lasch descreve é, nem mais nem menos, a morte do sistema democrático. O que constata em primeiro lugar é o enorme fosso que se abriu entre o povo e os seus “representantes”. Os primeiros, a gente da rua, está a começar a experimentar na própria carne os perigos do “progresso” técnico e económico: grandes bolsas de pobreza, deterioração ambiental, etc. Por isso foi alastrando entre o povo um agudo clima de desconfiança relativamente ao sistema e às suas instituições. Os “representantes”, pelo contrário, levaram o discurso progressista ao paroxismo – capitalismo primário, industrialização total, etc. – e tratam de impô-lo por todo o lado, sejam quais forem as suas consequências. Estes “representantes” só o são a título nominal; de facto, raras vezes são eleitos democraticamente. No entanto, têm nas suas mãos todos os mecanismos de informação e propaganda, dum modo que acabam sempre por impor as suas decisões. Os mecanismos do poder social tornaram-se cada vez mais subtis. Surge assim uma nova elite de poderosos que são cada vez mais poderosos, porque só eles entendem – ou assim nos dizem – os mecanismos da ordem económica e social, frente a uma massa popular dominada, que se vê cada vez mais dominada, precisamente porque carece da instrução técnica necessária para controlar esse “misterioso mecanismo” que, como um sopro mágico, rege as sociedades complexas. A possibilidade de mobilidade social, de promoção profissional ou da elevação do status económico, requisito sacrossanto das democracias, esfuma-se. No seu lugar aparecem umas sociedades claramente divididas em duas partes: em cima, o reduzido número dos controladores; em baixo, o número cada vez maior dos controlados. É a morte da democracia.»

* * * * *

«La voz de alarma la dio hacia 1994 Christopher Lasch: el hipercrecimiento de la economía global y la insostenibilidad de los sistemas de bienestar estaban abriendo una nueva brecha. Así como Ortega y Gasset predijo en 1927 la “rebelión de las masas”, hoy cabía hablar de una “rebelión de las elites”. En efecto, en nuestras sociedades posmodernas, descoyuntadas y entregadas al nihilismo de la máquina, el problema ya no es que las masas urbanas vengan al poder social contra las viejas jerarquías. El problema de hoy es más bien que las elites, los que mandan, los que dirigen este difícil caos, han renunciado a cualquier sentido de la responsabilidad.

Refugiados en sus lujosas zonas residenciales, lejos de la comunidad y ajenos a los procedimientos democráticos de elección (en los cuales, sin embargo, la gente sigue creyendo a pies juntillas), la Nueva Clase de los políticos profesionales, los comunicadores famosos y los banqueros anónimos se limita a gobernar de forma cada vez más impersonal –y, por tanto, cada vez más irresponsable– los datos fríos de la vida social. El rostro de la tecnocracia es hoy omnipresente. Nadie puede nada contra ellos, porque ya no se les ve. En el viejo mundo mandaban los emperadores; hoy mandan los reguladores. Tal venía a ser el mensaje de Christopher Lasch.

Lo que Lasch describe es ni más ni menos que la muerte del sistema democrático. Lo primero que constata es que se ha abierto una fosa enorme entre el pueblo y sus “representantes”. Los primeros, la gente de la calle, están empezando a experimentar en carne propia los peligros del “progreso” técnico y económico: grandes bolsas de pobreza, deterioro ambiental, etc. Por eso se ha ido extendiendo entre el pueblo un agudo clima de desconfianza hacia el sistema y sus instituciones. Los “representantes”, por el contrario, han llevado el discurso progresista al paroxismo –capitalismo primario, industrialización total, etc.– y tratan de imponerlo por todas partes, sean cuales fueren las consecuencias. Estos “representantes” lo son sólo a título nominal: de hecho, rara vez son elegidos democráticamente. Sin embargo, tienen en sus manos todos los mecanismos de la información y la propaganda, de manera tal que siempre terminan imponiendo sus decisiones. Los mecanismos del poder social se han hecho cada vez más sutiles. Surge así una nueva elite de poderosos que son cada vez más poderosos, porque sólo ellos entienden –o eso se nos dice– los mecanismos del orden económico y social, frente a una masa popular dominada que se ve cada vez más dominada, precisamente porque carece de la instrucción técnica precisa para controlar ese “misterioso mecanismo” que, a modo de aliento mágico, rige las sociedades complejas. La posibilidad de la circulación social, de la promoción profesional o de la elevación del status económico, requisito sacrosanto de las democracias, se esfuma. En su lugar aparecen unas sociedades claramente escindidas en dos: arriba, el reducido número de los controladores; abajo, el número cada vez mayor de los controlados. Es la muerte de la democracia.»

Sem comentários:

Enviar um comentário