Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

23/07/2022

A Festa do último homem (1) | La Fiesta del último hombre (1)




«Há vida para além do fim da História? Sim! – responde Philippe Muray. De facto não há nada além disso: a vida desse turista universal chamado Homo Festivus, criatura definitivamente liberta de todas as questões existenciais, relacionadas com a morte, que tanto atormentavam os seus antepassados. O Homo Festivus é atractivo e não tem nenhum dos angustiantes preconceitos das épocas anteriores, sacudiu o fardo das pertenças hereditárias, não se considera o continuador de nenhum legado histórico. Ele nasceu ontem, é o seu próprio produto, ele mesmo decide a sua própria identidade cultural e sexual. Transgressor e inconformista, o Homo Festivus é aquele que diz sempre “sim!” a toda a novidade que lhe é proposta. Adorador da diversidade, é abstracto e permutável por qualquer outro da sua espécie em qualquer lugar do mundo.

O Homo Festivus está sempre em guarda contra os conservadores, os obscurantistas, os imobilistas e demais adversários do progresso, periodicamente exumados de um passado defunto para desempenhar o papel de cómodos fantoches. Sem essa presença negativa não haveria festa completa! Onde estariam, sem essa “luta”, os adornos transgressores, os diademas libertários! O Homo Festivus está comprometido com todas as boas causas do planeta; conserva da velha esquerda, não os seus dogmas revolucionários, mas uma visão moralista e uma ânsia de utopia que o leva a promover uma visão virtuosa e arcangélica do real. A sua empatia pelo sofrimento alheio manifesta-se num transbordamento emocional que o leva a encarar os dramas do planeta num registo lacrimoso-caritativo que, simultaneamente, lhe permite consumir, divertir-se, viajar e socializar com um suplemento de boa consciência, sempre que haja uma invocação solidária, humanitária ou ecológica pelo meio.»

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«¿Hay vida tras el fin de la Historia? ¡Sí! Responde Muray. De hecho no hay nada más que eso: la vida de ese turista universal llamado Homo Festivus, criatura definitivamente liberada de todas de las cuestiones existenciales, vinculadas a la muerte, que tanto atormentaban a sus ancestros. Homo Festivus es cool y carece de los atosigantes prejuicios de épocas anteriores, se ha sacudido el lastre de pertenencias hereditarias, no se considera continuador de ningún legado histórico. Él ha nacido ayer, él es su propio producto, él mismo decide su propia identidad cultural y sexual. Transgresor e inconformista, Homo Festivus es aquel que siempre dice ¡Sí! a toda novedad que se le propone. Adorador de la diversidad, es abstracto e intercambiable por cualquier otro de su especie en cualquier parte del mundo.

Homo Festivus está siempre en guardia contra los conservadores, los obscurantistas, los inmovilistas y demás adversarios del progreso, periódicamente exhumados desde un pasado difunto para hacer el papel de cómodos fantoches. ¡Sin esa presencia negativa no habría fiesta completa! ¡Dónde estarían, sin esa “lucha”, los oropeles trasgresores, las diademas libertarias! Homo Festivus está comprometido con todas las buenas causas del planeta; de la vieja izquierda conserva no sus dogmas revolucionarios, sino una visión moralista y un anhelo de utopía que le lleva a promover una visión virtuosa y arcangélica de lo real. Su empatía con los sufrimientos ajenos se manifiesta en un desbordamiento emocional que le lleva a encarar los dramas del planeta en un registro lacrimoso-caritativo, lo que a su vez le permite consumir, divertirse, viajar y socializar con suplemento de buena conciencia, siempre que haya una invocación solidaria, humanitaria o ecológica de por medio.»

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