Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

20/06/2022

A barbárie tecnológica | La barbarie tecnológica



«Vivemos hoje em plena barbárie tecnológica, e a crença, estimulada de cima, de que a solução para todos os nossos problemas reside na tecnologia, conduz-nos ao pior dos mundos possíveis. O mesmo se pode dizer do programa gémeo que nos assegura que a sociedade deve existir para a economia, em vez da economia para a sociedade. Tratam-se de programas inseparáveis cuja mera assumpção é a maior das derrotas, pois uma vida regida pelo funcionalismo não é sequer digna de ser vivida.

E foi o Ocidente, não a China, quem expandiu a ferro e fogo este programa pelo mundo. Mas quando a China tem de o assumir até às suas últimas consequências, ainda que seja apenas para sobreviver, assusta-nos e horroriza-nos – porque nos devolve num reflexo não só o que não vemos em nós próprios, como, sobretudo, aquilo que não queremos ver: que as nossas vidas não têm mais sentido que as suas, por mais que nos empenhemos em sermos nós os “bons” e os que fazemos as coisas com alma e originalidade.

E aqui vai o meu primeiro juízo e a minha primeira “previsão”: O Ocidente foi incapaz de domar a tecnologia e a sua deriva leva-nos a galope para a infâmia. Nisto o seu fracasso é tão espectacular como o próprio desenfreamento da esfera funcional, tecnológica e económica. No entanto, se a China for realmente capaz de assimilar e fazer seu o método científico moderno – algo que, até agora, só alcançou na aparência –, o seu maior empenho residirá precisamente em dominar o que nos domina e governar o que hoje se nos mostrou ingovernável.»

* * * * *
 
 «Hoy vivimos en plena barbarie tecnológica, y la creencia, impulsada desde arriba, de que la solución a todos nuestros problemas reside en la tecnología nos conduce hacia el peor de los mundos posibles. Lo mismo cabe decir del programa gemelo que nos asegura que la sociedad ha de existir para la economía en vez de la economía para la sociedad. Se trata de programas inseparables cuya mera asunción es ya la mayor de las derrotas, pues una vida regida por el funcionalismo ni siquiera es digna de ser vivida.

Y es Occidente, y no China, quien ha expandido este programa a sangre y fuego por el mundo. Pero cuando China ha tenido que asumirlo hasta sus últimas consecuencias, aunque sólo fuera para sobrevivir, nos asusta y hasta nos horroriza —porque nos devuelve en un reflejo no sólo lo que no vemos de nosotros, sino sobre todo lo que no queremos ver: que nuestras vidas no tienen más sentido que las suyas, por más que nos empeñemos en que nosotros somos los buenos y los que hacemos las cosas con alma y originalidad.

Y aquí viene mi primer juicio y mi primera “predicción”. Occidente ha sido incapaz de domar la tecnología y su deriva que nos lleva a galope hacia la infamia. En esto su fracaso es tan espectacular como el propio desenfreno de la esfera funcional, tecnológica y económica. Sin embargo, si China es realmente capaz de asimilar y hacer suyo el método científico moderno —algo que hasta ahora sólo ha hecho en apariencia—, su mayor empeño residirá precisamente en dominar lo que nos domina y gobernar lo que hoy nos resulta ingobernable.»

Sem comentários:

Enviar um comentário