Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

16/12/2023

A Grande Substituição avança | Avanza la Gran Sustitución

Não é uma teoria da conspiração; é um plano deliberado de mudança demográfica. Entrevista de Irene Hernández Velasco a Stephen Smith, autor do livro The Scramble for Europe: Young Africa on its way to the Old Continent.

«— África, sobretudo a África sub-saariana, passa por um crescimento demográfico historicamente sem precedentes. Qual é o motivo?
— Na década de 1930, a população de África era de uns 150 milhões de habitantes, um número muito baixo num continente historicamente subpopulado e com um tamanho equivalente a mais de seis vezes a Europa. Graças à melhoria da higiene e dos cuidados médicos, a população de África aumentou até aos 1.300 milhões e alcançará os 2.400 milhões de habitantes no ano 2050. Como resultado da rápida rotação geracional — metade da população é substituída a cada 18 anos pelos recém-nascidos — hoje, quatro em cada dez africanos tem menos de 15 anos de idade. 

— Na actualidade há cerca de nove milhões de africanos na Europa. Segundo as suas previsões, poderiam ser entre 150 e 200 milhões em 2050. Não está a ser alarmista?
— Não, essa é a última das minhas intenções. Mas, para explorar as incertezas do futuro só se pode partir daquilo que se conhece, ou seja, os precedentes históricos. Um dos muitos precedentes históricos que analiso no meu livro, é o da imigração mexicana para os Estados Unidos entre 1975 e 2014: doze milhões de mexicanos entraram, com os seus filhos, nos Estados Unidos, crescendo até se converter numa comunidade mexicano-americana de 30 milhões, ou seja, um pouco abaixo de 10% da população dos EUA. Se a África alcançasse agora um nível de transferência comparável ao do México em 1975, então deveríamos esperar um fluxo em direcção à Europa que desembocaria nuns 150 milhões de afro-europeus nos próximos 30 anos. 

— A população europeia está a envelhecer. A chegada desses milhões de jovens africanos não poderá ajudar, por exemplo, a sustentar o sistema de pensões de reforma?
— Não acredito que os jovens africanos possam, nem devam, ser o «combustível das reformas» do Velho Continente. Em primeiro lugar não são apenas homines economici, mas pessoas reais em busca de prosperidade não só material. O seu bem-estar não se garante com um cheque. E, em segundo lugar, esses jovens africanos não podem corrigir o envelhecimento dos sistemas de segurança social da Europa, porque o índice de dependência — a proporção entre contribuintes e beneficiários — não melhorará devido à sua presença: por cada trabalhador africano que contribua para o sistema, haverá que contar também com os seus filhos (geralmente são famílias mais numerosas do que a média europeia) os quais terão legitimamente direito à educação e aos serviços de saúde públicos. Falar da imigração como uma «necessidade demográfica» é uma falsidade, uma falsidade estúpida: não se «substitui» um europeu por um africano, o qual, por sua vez, não se converte num europeu pelo mero facto de pôr o pé no continente europeu. A imigração deve ser concebida como uma oportunidade tanto para o imigrante como para quem o acolhe. 

— Assistimos em toda a Europa ao crescimento de movimentos nacionalistas e de extrema-direita que prometem converter o Velho Continente numa «fortaleza» inacessível aos imigrantes. Será isso possível?
— Efectivamente, a Europa já bloqueou três milhões de refugiados do Médio Oriente na Turquia, e, pelo menos, 600.000 imigrantes sub-saarianos na Líbia. Levantaram-se barreiras em muitos lugares e assinaram-se muitas «convenções de imigração» — acordos para pagar a retenção de imigrantes — com vários Estados africanos. Sim, podem reforçar-se as fronteiras, mas só até um certo limite. O limite é tanto ético como prático. A Europa não será capaz, nem do ponto de vista ético nem do ponto de vista prático, de conter um fluxo migratório sustentado vindo de África, ao nível do que está previsto ocorrer quando uma massa crítica de africanos escape da pobreza absoluta.»

* * * * *

No es una teoría de la conspiración; es un plan deliberado para el cambio demográfico. Entrevista de Irene Hernández Velasco a Stephen Smith, autor del libro La huida hacia Europa.

«— África, especialmente el África subsahariana, está experimentando un crecimiento demográfico históricamente sin precedentes. ¿A qué se debe?
— En la década de 1930, la población de África era de unos 150 millones de personas, una cifra muy baja en un continente históricamente subpoblado y con un tamaño equivalente a más de seis veces Europa. Gracias a la mejora de la higiene y la atención médica, la población de África ha aumentado a 1.300 millones y alcanzará los 2.400 millones de habitantes en el año 2050. Como resultado de la rápida rotación generacional —la mitad de la población es reemplazada cada 18 años por los recién nacidos— hoy cuatro de cada 10 africanos son menores de 15 años. 

 — En la actualidad hay alrededor de nueve millones de africanos en Europa. Según sus predicciones en 2050 podrían llegar a ser entre 150 y 200 millones. ¿No está siendo alarmista?
— No, eso es lo último que querría ser. Pero para explorar las incertidumbres del futuro sólo se puede partir de lo que se conoce, es decir, de los precedentes históricos. Uno de los muchos precedentes históricos que analizo en mi libro es el de la inmigración mexicana a Estados Unidos entre 1975 y 2014: doce millones de mexicanos entraron, junto con sus hijos, en Estados Unidos, creciendo hasta convertirse en una comunidad mexicano-americana de 30 millones, es decir, algo menos del 10% de la población de EE. UU. Si África alcanzara ahora un nivel de desarrollo comparable al de México en 1975, entonces deberíamos esperar un flujo hacia Europa que desembocaría en unos 150 millones de afro-europeos en los próximos 30 años. 

 — La población europea está envejeciendo. ¿Puede la llegada de esos millones de jóvenes africanos ayudar a sostener por ejemplo el sistema de pensiones de jubilación?
— No creo que los jóvenes africanos puedan, ni deban, ser «combustible de jubilación» del Viejo Continente. En primer lugar no sólo son homines economici, sino personas reales en busca de una prosperidad no sólo material. Su bienestar no se garantiza con un cheque. Y en segundo lugar, esos jóvenes africanos no pueden corregir el envejecimiento de los sistemas de seguridad social de Europa porque el índice de dependencia —la proporción entre contribuyentes y beneficiarios— no mejorará a causa de su presencia: por cada trabajador africano que contribuya al sistema habrá que contar también a sus hijos (generalmente son familias más numerosas que la media europea) y quienes tendrán legítimamente derecho a la educación y la sanidad públicas. Hablar de la inmigración como una «necesidad demográfica» es una falsedad, una estúpida falsedad: no se «reemplaza» a un europeo por un africano, quien, a su vez, no se convierte en europeo por el mero hecho de poner el pie en el continente europeo. La inmigración debe ser concebida como una oportunidad tanto para el migrante como para quien le acoge. 

— Asistimos en toda Europa al auge de movimientos nacionalistas y de extrema derecha que prometen convertir al Viejo Continente en una «fortaleza» infranqueable para los inmigrantes. ¿Es eso posible?
— Efectivamente, Europa ya ha bloqueado a tres millones de refugiados de Oriente Medio en Turquía, y al menos a 600.000 inmigrantes subsaharianos en Libia. Se han levantado verjas en muchos lugares y se han firmado muchas «convenciones de inmigración» —acuerdos para pagar por la retención de inmigrantes— con varios Estados africanos. Así que sí, se pueden reforzar las fronteras, pero sólo hasta un límite. El límite es tanto ético como práctico. Europa no será capaz, ni desde el punto de vista ético ni desde el punto de vista práctico, de contener un flujo migratorio sostenido desde África al nivel que está previsto que ocurra cuando una masa crítica de africanos escape de la pobreza absoluta.» [artigo original]

Sem comentários:

Enviar um comentário