Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

20/12/2023

A contra-revolução cultural | La contrarrevolución cultural

«A pós-modernidade é formidável. Damos umas risadas à sua custa, mas ela sempre se ri melhor, porque ri por última. Alguns de nós pensam que as sociedades popperianas e baumanianas já passaram do estado líquido ao gasoso; criam monstros. Instituições centenárias, de enorme força simbólica, esvaziam-se de conteúdo, mutam-se ou disfarçam-se, segundo os desígnios de múltiplos think tanks, políticos, lobbies, seitas, clubes, minorias e filantropos empenhados em criar a perfeita sociedade distópica. [...] 

Há uma procura da fealdade e é política. Não é inócua, não é casual. Nem sequer produz um dano visível. Actua sobre a alma como o gotejar da tortura chinesa, mina o espírito, lenta e imperceptivelmente. A fealdade embrutece, do mesmo modo que a rã morre em água aquecida até ferver: gradualmente, adaptando-se ao meio e sem ter consciência do perigo.

A usurpação do belo altera a necessidade de aspiração e elevação, à qual somos chamados. Quando te falam de «visibilizar realidades» e de acabar com o «normativo», é aí, aí onde te roubam a tua capacidade de esforço, de superação, de reacção. Estão a tornar-te inoperante e indefeso. Estão a desactivar o teu sentido de detecção da demolição de uma sociedade e o consequente declínio de uma civilização. 

A beleza requer esforço, agita, impressiona. A beleza incita. [...] A fealdade apaga a sua explosão, o incêndio do sagrado, deixando o homem só, temeroso ante a grandeza, cobarde ante a sua liberdade. 

Javier Ruiz Portella explica, no seu livro O Abismo Democrático (2020), que esse esvaziamento é preenchido com a sinalização da virtude e os igualitarismos. Perdidas as tradições e os mitos, a exuberância e a liturgia, o heroísmo e a sacralidade da natureza, os santos e o mistério, acabamos cobertos de farrapos, presunçosos e repletos de objectos, aparelhómetros e diversões. Incapazes de reconhecer um destino, um enraizamento, um inimigo ou uma pátria.
[...]
No momento de luta espiritual em que habitamos, nestes tempos em que o Mal se passeia como em casa, nos quais a ofensiva a tudo o que é inato ao ser humano encontra uma oportunidade na vulgaridade, pensemos na beleza como um dever. 

Não se atraiçoa o belo sem que o verdadeiro fique incólume. Por isso, a contra-revolução cultural, entre outras coisas, será estética ou não será.»

* * * * *

«La posmodernidad es formidable. Nos echamos unas risas a su costa, pero ella siempre ríe mejor porque ríe la última. Algunos pensamos que las sociedades popperianas y baumanianas, que ya han pasado del estado líquido al gaseoso, engendran monstruos. Instituciones centenarias de enorme fuerza simbólica se vacían de contenido, mutan o se disfrazan, según los designios de múltiples think thanks, políticos, lobbies, sectas, clubes, minorías y filántropos metidos a crear la perfecta sociedad distópica. [...] 

La fealdad es buscada y es política. No es inocua, no es casual. Ni siquiera produce un daño visible. Actúa como una gota china sobre el alma, socava el espíritu lenta e imperceptiblemente. La fealdad embrutece del mismo modo que muere la rana hervida: gradualmente, adaptándose al medio y sin ser consciente del peligro. 

La usurpación de lo bello altera la necesidad de aspiración y elevación a la que estamos llamados. Donde te hablen de «visibilizar realidades» y de acabar con lo «normativo», ahí, ahí te están robando tu capacidad de esfuerzo, de superación, de reacción. Te están dejando inoperante e inerme. Están desactivando tu sentido de detección de la demolición de una sociedad y el consecuente declive de una civilización. 

La belleza cuesta esfuerzo, zarandea, sobrecoge. La belleza predica. [...] La fealdad apaga su estallido, el incendio de lo sagrado, dejando al hombre solo, temeroso ante la grandeza, cobarde ante su libertad. 

Explica Javier Ruiz Portella en El abismo democrático (Ediciones Insólitas, 2020) que ese vaciamiento es colmado con buenismos e igualitarismos. Perdidas las tradiciones y los mitos, la exuberancia y la liturgia, el heroísmo y la sacralidad de la naturaleza, los santos y el misterio, quedamos cubiertos de harapos, engreídos y atiborrados de objetos, artilugios y diversiones. Incapaces de reconocer un destino, un arraigo, un enemigo o una patria. [...] 

En el momento de lucha espiritual que habitamos, en estos tiempos en los que el Mal se pasea como en casa, en los que la ofensiva a todo lo que le es ínsito al ser humano encuentra un resquicio en lo vulgar, pensemos en la belleza como un deber. 

No se traiciona lo bello sin que lo verdadero quede indemne. Por eso, la contrarrevolución cultural, entre otras cosas, será estética o no será.» [artigo original]

Sem comentários:

Enviar um comentário