Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

29/01/2023

Queridos jihadistas | Queridos yihadistas



«Queridos jihadistas:
Cavalgando os vossos elefantes de ferro e fogo, entrastes com fúria na nossa loja de porcelanas. Mas é uma loja de porcelanas cujos proprietários, desde há muito tempo, se propuseram fazer em cacos tudo o que ali estava atesourado. Mais ainda, sobrevivem só com esse fim. Vós os perturbastes. Sois os primeiros demolidores a atacar os destruidores; os primeiros bárbaros a juntar-se aos vândalos; os primeiros incendiários a competir com os pirómanos. Esta situação é original. Mas, ao contrário das nossas, as vossas demolições efectuam-se na total ilegalidade e por isso têm uma rejeição quase unânime. Nós preparámos as nossas tortuosas inovações entre o entusiasmo geral e a felicidade mais transbordante.

Nada nos impedirá de continuar a acusar-vos de pertencer ao campo dos nostálgicos de uma ordem orgânica e comunitária onde o indivíduo não é dono de si mesmo, frente à nossa sociedade de indivíduos autónomos, responsáveis e solidários.
E desde já vos avisamos que venceremos porque somos os mais débeis. Temei a fúria dos cordeiros. Temei a cólera das ovelhas enfurecidas.
Adormeceis nas delícias do martírio, mas é muito mais fácil morrer por um Deus do que sobreviver-lhe. A saída da fé é um caminho duro no qual aprendemos coisas que vós ainda ignorais. Sobre esse caminho incerto, adquirimos uma confiança que vos assombrará. O furor que demonstraremos em resistir-vos deixar-vos-á estupefactos. Temei o ódio do homem de bermudas. Temei a cólera do consumidor, do viajante, do turista, daquele que desce da auto-caravana. Imaginais que os nossos prazeres e os nossos ócios nos tornaram brandos. Pois bem, lutaremos como leões para proteger a nossa indolência.

Lutaremos pelas nossas comunidades comunitaristas, pelas nossas tribos tribais, pelas nossas reivindicações reivindicativas e por todos os nossos estudantes em rebelião que valem muito mais que os vossos estudantes de religião.
Lutaremos por tudo, pelas palavras que já não têm sentido e pela vida que vai com elas. Lutaremos pela ordem mundial caritativa e pelo bom relacionamento. Lutaremos pela vida jovem e pelas artes alternativas.
Lutaremos pelas nossas agências de viagens, pelas nossas companhias aéreas, pelas nossas cadeias hoteleiras, pelos nossos fornecedores de serviços, pelas nossas páginas web e pelos nossos "tudo incluído".
Lutaremos pelo nosso Deus único, que tem a forma de um projector que ilumina um estúdio de televisão.
Lutaremos sem fim, porque o fim já chegou há muito tempo, e nem sequer nos recordamos dele. Lutaremos pelo prazer de até ter esquecido o nosso fim.
Lutaremos pela desaparição da linguagem articulada.
E venceremos. Evidentemente. Porque somos os mais mortos.»

* * * * *
«Queridos yihadistas:
Cabalgando en vuestros elefantes de hierro y fuego, habéis entrado con furia en nuestra tienda de porcelana. Pero es una tienda de porcelana cuyos propietarios, desde hace mucho tiempo, se propusieron hacer añicos todo lo que había allí atesorado. Es más, sobreviven sólo para eso. Vosotros los habéis perturbado. Sois los primeros demoledores que atacan a los destructores; los primeros bárbaros que la toman con los vándalos; los primeros incendiarios que compiten con los pirómanos. Esta situación es original. Pero, a diferencia de las nuestras, vuestras demoliciones se efectúan en total ilegalidad y así se atraen una repulsa casi unánime. Mientras que nosotros ponemos a punto nuestras tortuosas innovaciones entre el entusiasmo general y la felicidad más pimpante.

Nada nos impedirá continuar acusándoos de pertenecer al campo de los nostálgicos de un orden orgánico y comunitario donde el individuo no se pertenece, frente a nuestra sociedad de individuos autónomos, responsables y solidarios.
Os advertimos de que venceremos porque somos los más débiles. Temed la furia de los corderos. Temed la cólera de las ovejas enfurecidas.
Os adormecéis en las delicias del martirio, pero es mucho más fácil morir por un Dios que sobrevivirle. La salida de la fe es un duro sendero en el cual nosotros hemos aprendido cosas que vosotros todavía ignoráis. Sobre ese camino incierto, hemos adquirido una confianza que os asombrará. El furor que pondremos para resistiros os dejará estupefactos. Temed el odio del hombre en bermudas. Temed la cólera del consumidor, del viajero, del turista, de aquél que desciende de su caravana de camping. Os imagináis que nuestros placeres y nuestros ocios nos han ablandado. ¡Pues bien!, lucharemos como leones para proteger nuestra molicie.

Lucharemos por nuestras comunidades comunitaristas, por nuestras tribus tribales, por nuestras reivindicaciones reivindicativas y por todos nuestros estudiantes en rebelión que valen de lejos vuestros estudiantes en religión.
Lucharemos por todo, por las palabras que ya no tienen sentido y por la vida que va con ellas. Lucharemos por el orden mundial caritativo y por el buen rollito. Lucharemos por la vida joven y por las artes alternativas.
Lucharemos por nuestros tour-operadores, por nuestras compañías aéreas, por nuestras cadenas hoteleras, por nuestros proveedores de servicios, por nuestras páginas web y por nuestros “todo incluido”.
Lucharemos por nuestro Dios único, que tiene la forma de un proyector encendido sobre un plató de televisión.
Lucharemos sin fin, porque el fin llegó hace ya tiempo, y ni siquiera nos acordamos de ello. Lucharemos por el placer de hasta haber olvidado nuestro propio fin.
Lucharemos por la desaparición del lenguaje articulado.
Y venceremos. Evidentemente. Porque somos los más muertos.»

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