Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

17/08/2022

Os burros voadores | Los burros voladores



«O Governo publicará uma lei para que os burros voem. Passado algum tempo comprovar-se-á que os burros, apesar da sua obrigação legal de voar, não o fazem. Então o Governo justificará o fracasso da lei alegando que não se gastou o suficiente para que os burros voem. As pessoas sensatas protestarão alegando que os burros são burros, não são águias.

Então, o Governo activará os seus meios de propaganda para denunciar que há sectores na nossa sociedade que odeiam os burros e querem negar-lhes o seu direito a voar. Com o tempo, uma parte importante da população esquecer-se-á da questão-chave: os burros, com efeito, não são águias. E o debate desviar-se-á para a prevalência da obrigação moral de amar os burros e defender o seu inalienável direito a voar como as águias.

Com esse fim, o Governo legislará e estabelecerá o delito de ódio ao burro voador. E, para reeducar aqueles que não acreditam em burros voadores, criar-se-á a figura do educador na perspectiva dos burros voadores. Mas, apesar de todos os esforços e depois de milhares de milhões de euros gastos, os burros, que são muito teimosos, não voarão. E as críticas subirão de tom. Então o Governo lançará o seu lema: “Nem um passo atrás na defesa dos burros voadores!”

Décadas depois, os burros continuarão sem voar. Mas, nessa altura, o burro voador ter-se-á convertido num símbolo. E ao seu redor terá florescido um universo de observatórios, subvenções, associações… o seu peso nas eleições será enorme. Haverá um Dia Mundial do Burro Voador, greves estudantis, e das outras, em defesa do burro voador, e numerosos papers oferecerão dados agregados sobre a população dos burros e a aplicação do direito a voar. E os partidos que antes consideravam o burro voador como um disparate legislativo, moderarão o seu discurso. Não reconhecerão o direito do burro a voar, mas sim o seu direito a poder saltar como as gazelas. E o burrismo separar-se-á em duas correntes: haverá um burrismo de terceira via e um burrismo liberal.»

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«El Gobierno publicará una ley para que los burros vuelen. Pasado un tiempo, se comprobará que los burros, pese a su obligación legal de volar, no lo hacen. Entonces el Gobierno justificará el fracaso de la ley alegando que no se ha gastado lo suficiente para que los burros vuelen. La gente sensata protestará alegando que los burros son burros, no águilas.

Entonces, el Gobierno activará sus medios de propaganda para denunciar que hay sectores en nuestra sociedad que odian a los burros y quieren negarles su derecho a volar. Con el tiempo, una parte importante de la población se olvidará de la cuestión clave, que es que los burros, en efecto, no son águilas. Y el debate derivará hacia la prevalencia de la obligación moral de amar a los burros y defender su inalienable derecho a volar como las águilas.

A tal efecto, el Gobierno legislará y establecerá el delito de odio al burro volador. Y, para reeducar a los que no creen en los burros voladores, se creará la figura del educador en perspectiva de burros voladores. Pero, pese a todos los esfuerzos y después miles de millones de euros gastados, los burros, que son muy suyos, no volarán. Y aflorarán las críticas. Entonces el Gobierno lanzará su consigna: «¡Ni un paso atrás en la defensa de los burros voladores!».

Décadas después, los burros seguirán sin volar. Pero, para entonces, el burro volador se habrá convertido en un símbolo. Y a su alrededor habrá florecido un universo de observatorios, subvenciones, asociaciones…

Su peso en las citas electorales será enorme. Habrá un Día Mundial del Burro Volador, huelgas estudiantiles, y de las otras, en defensa del burro volador, y numerosos papers ofrecerán datos agregados sobre la población de burros y la aplicación del derecho a volar. Y los partidos que antes consideraban al burro volador como un disparate legislativo, moderarán su discurso. No reconocerán el derecho del burro a volar, pero sí su derecho a poder saltar como gacelas. Y el burrismo derivará en dos corrientes: habrá un burrismo de tercera ola y un burrismo liberal.»

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