Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

09/08/2022

A invasão turística (e 2) | La invasión turística (y 2)



«No entanto, não é apenas a questão do dinheiro que explica a tolerância atribuída ao turista, quando o trabalhador é designado como o agente da catástrofe climática. Na era do low-cost e da internet, percorrer o planeta tornou-se em mais um direito humano, e talvez seja mesmo, nos dias de hoje, o único direito cuja dignidade é superior ao do próprio planeta. O turista tem todos os direitos, incluindo o de reclamar, nas catedrais, que os horários das missas sejam adaptados à sua conveniência.

Reconhecendo que é urgente reflectir sobre a melhor canalização do fluxo de visitantes, o Le Monde precisa que não se trata de retirar aos chineses ou aos indianos o direito de tomar parte nesta democratização da viagem. De facto, não vemos com que argumento se proibiria a estes últimos de vir ver a Mona Lisa quando, desde há trinta anos, se repete às classes médias ocidentais que a mobilidade é a essência da existência. Isto leva a que o povo, mesmo quando está notavelmente enraizado no seu lugar de origem, também queira a sua dose anual de exposição ao sol e de autenticidade preparada. Perfeito, há para todas as bolsas.

O paradoxo do caso é que, no momento em que a transformação do mundo pelo turismo está em vias de se realizar integralmente, ninguém quer ser tratado por turista, e desde logo as classes sociais de educação mais elevada. O turista é sempre o outro. O parolo que se desloca em rebanho. Os que têm mais nível, viajam. Excepto que, quando suam em bica à espera de visitar Angkor, as Pirâmides ou o Santo Sepulcro, ricos e pobres são bastante parecidos.»

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«Sin embargo, solo los temas de dinero no explican la tolerancia de la que se beneficia el turista, cuando el trabajador es designado como el agente de la catástrofe climática. En la era del low-cost y de internet, recorrer el planeta se ha convertido en un derecho humano más, puede ser incluso el único que sea hoy superior en dignidad al del planeta mismo. El turista tiene todos los derechos, incluyendo el de reclamar que, en las catedrales, los horarios de las misas sean adaptados para no molestarles demasiado.

Reconociendo que es urgente reflexionar sobre la mejor canalización del flujo de visitantes, Le Monde precisa que no se trata de quitar a los chinos o a los indios el derecho de tomar parte en esta democratización del viaje. De hecho, no vemos con qué argumento se prohibiría a estos últimos venir a ver la Mona Lisa mientras que, desde hace treinta años, se repite a las clases medias occidentales que la movilidad es la esencia de la existencia. Esto lleva a que el pueblo, incluso cuando está notablemente arraigado en su lugar de origen, quiere también su dosis anual de puesta de sol y de autenticidad preparada. Perfecto, hay para todos los bolsillos.

La paradoja del asunto es que, en el momento en el que la transformación del mundo por el turismo está en vías de realizarse íntegramente, nadie quiere ser tratado de turista, no desde luego las clases sociales con mejor educación. El turista siempre es el otro. El paleto que se desplaza en rebaño. Los de más nivel, viajan. Salvo que, cuando sudan esperando visitar Angkor, las Pirámides o el Santo Sepulcro, ricos y pobres se parecen bastante.»

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