Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

26/02/2023

Democracia e clientelismo | Democracia y clientelismo



«Um povo atomizado e em situação económica precária apenas consegue adoptar, no melhor dos casos, ineficazes medidas defensivas porque reconhece a sua incapacidade para controlar ou destituir os seus governantes. [...] Alguns acreditarão ainda que o Estado pode regenerar-se através de eleições democráticas.
Na minha opinião, a possibilidade de mudar as políticas, por destituição do Governo, é nula porque o regime tem uma enorme capacidade para "fixar votos" pelo antiquíssimo procedimento de os comprar ("clientelismo").

Deste modo, os sistemas políticos com competição eleitoral tendem a reproduzir o estado das coisas, pois os partidos sabem que não há voto mais seguro e fiel que o associado a um benefício económico concreto para o eleitor. E nessa tarefa de captar lealdades se ocupa a oligarquia política durante os seus mandatos. O povo subordinado ao Estado Total (total porque domina todo o espaço social) sabe que, quando protesta, se arrisca a perder o seu pequeno bem-estar, sem qualquer ganho no exercício da sua teórica soberania. Por isso, pedir subversão ao cidadão que vive de pensões, subsídios e outras dependências, é o mesmo que pedir a lua, pois o clientelismo galopante reduz à mínima expressão a possibilidade de dizer "não" ao amo e senhor.

Se a democracia pretendia ser o instrumento do poder popular, a corrupção transformou-a numa feira, onde toda a ambição se reduz à mesquinha procura de prebendas a troco da fidelidade nas urnas.»

* * * * *

«Un pueblo atomizado y en situación económica precaria sólo es capaz de adoptar, en el mejor de los casos, ineficaces medidas defensivas porque conoce su incapacidad para controlar o destituir a sus gobernantes. [...] Algunos aún creerán que el Estado puede regenerarse vía elecciones democráticas.
Mi opinión es que la posibilidad de que cambien las políticas destituyendo al Gobierno es nula porque el régimen tiene una enorme capacidad para “fijar votos” por el antiquísimo procedimiento de comprarlos (“clientelismo”).

Así, los sistemas políticos con competencia electoral tienden a reproducir el estado de cosas, pues los partidos saben que no hay voto más seguro y fiel que el asociado a un beneficio económico concreto para el elector. Y en esa tarea de captar lealtades se afana la oligarquía política durante sus mandatos. El pueblo subordinado al Estado Total (total en cuanto domina todo el espacio social) sabe que si protesta está tan cerca de perder su pequeño bienestar como lejos de poder ejercer su teórica soberanía. Por tanto, demandar subversión al ciudadano pensionado, subvencionado, paniaguado es pedirle peras al olmo, pues el clientelismo rampante reduce a la mínima expresión las posibilidades de decirle no al amo.

Si la democracia pretendía ser el instrumento del poder popular, la corrupción lo ha transformado en un zoco donde toda ambición se reduce a la mezquina búsqueda de prebendas a cambio de fidelidad en las urnas.

Sem comentários:

Enviar um comentário