Crónicas do Grande Despertar | Crónicas del Gran Despertar

25/10/2022

Uma nova cortina de ferro (1) | Un nuevo telón de acero (1)



«Evidentemente, não se pode dizer que “não estamos em guerra com a Rússia” e ao mesmo tempo decretar contra ela sanções de uma magnitude sem precedentes, defender publicamente uma “guerra económica e financeira total contra a Rússia” (Bruno Le Maire) e fornecer armas aos ucranianos. Os europeus aceitaram docilmente adoptar sanções contra a Rússia, das quais serão as primeiras vítimas por serem contrárias aos seus próprios interesses, sobretudo em matéria de energia e indústria (a Rússia é mais auto-suficiente do que a Europa). Ao entregar armas pesadas e aviões à Ucrânia, não para restabelecer a paz, mas para prolongar a guerra, os países ocidentais correram o grave risco de ser considerados co-beligerantes.

Saímos, então, da era do pós-guerra-fria. Levantou-se uma nova cortina de ferro, desta vez por iniciativa do Ocidente. O continente euro-asiático volta a estar partido em dois. A Finlândia e a Suécia querem entrar na OTAN, a Suíça abandona a sua neutralidade, a Alemanha rearma-se com 100.000 milhões de euros e a União Europeia assume o papel de fornecedor de armas, enquanto os que antes faziam campanha pela abolição de todas as fronteiras agora proclamam as da Ucrânia como invioláveis. Um ponto de inflexão histórico. As consequências também serão históricas.

O ex-presidente checo Václav Klaus disse-o sem rodeios: tomada como um refém pela OTAN, a Ucrânia foi desde o princípio “apenas um peão num jogo muito maior”. O primeiro perdedor neste assunto é, com efeito, o desafortunado povo ucraniano, agora bombardeado pelos russos depois de ter sido cinicamente utilizado como peão no tabuleiro estratégico estado-unidense.

Os outros grandes perdedores são os europeus, que, ao alinharem quase unanimemente com as posições estado-unidenses, demonstraram uma vez mais que não contam para nada. Uma Europa independente e não-alinhada poderia ter trabalhado para conseguir uma solução política do conflito, um acordo negociado e a reconstrução de um novo espaço de segurança colectiva à escala continental, ao mesmo tempo que se respeitavam tanto os interesses europeus como os russos. Também poderia ter adoptado o equivalente da Doutrina Monroe. Mas não foi isso o que aconteceu. Ao aliar-se rotundamente com os ditados anglo-saxões e ao adoptar medidas que só atiram lenha para a fogueira, a União Europeia perdeu toda a credibilidade.»

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«Evidentemente, no se puede decir que "no estamos en guerra con Rusia" y al mismo tiempo decretar sanciones de una magnitud sin precedentes contra ella, defender públicamente una "guerra económica y financiera total contra Rusia" (Bruno Le Maire) y suministrar armas a los ucranianos. Los europeos han aceptado dócilmente adoptar sanciones contra Rusia, de las que serán las primeras víctimas por ser contrarias a sus propios intereses, sobre todo en materia de energía e industria (Rusia es más autosuficiente que Europa). Al entregar armas pesadas y aviones a Ucrania, no para restablecer la paz, sino para prolongar la guerra, los países occidentales han corrido el grave riesgo de ser considerados cobeligerantes.

Hemos salido, pues, de la era de la posguerra fría. Se ha creado un nuevo telón de acero, esta vez por iniciativa de Occidente. El continente euroasiático vuelve a estar partido en dos. Finlandia y Suecia quieren entrar en la OTAN, Suiza abandona su neutralidad, Alemania se rearma con 100.000 millones de euros y la Unión Europea asume el papel de proveedor de armas, mientras que los que antes hacían campaña por la abolición de todas las fronteras ahora proclaman que las de Ucrania son inviolables. Un punto de inflexión histórico. Las consecuencias también serán históricas.

El expresidente checo Václav Klaus lo dijo sin rodeos: tomada como rehén por la OTAN, Ucrania ha sido desde el principio "sólo un peón en un juego mucho mayor". El primer perdedor en este asunto es, en efecto, el desafortunado pueblo ucraniano, ahora bombardeado por los rusos tras haber sido utilizado cínicamente como peón en el tablero estratégico estadounidense.

Los otros grandes perdedores son los europeos, que, al alinearse casi unánimemente con las posiciones estadounidenses, han demostrado una vez más que no cuentan para nada. Una Europa independiente y no alineada podría haber trabajado para lograr una solución política del conflicto, un acuerdo negociado y la reconstrucción de un nuevo espacio de seguridad colectiva a escala continental, al tiempo que se respetaban los intereses de los europeos tanto como los de los rusos. También podría haber adoptado el equivalente a la Doctrina Monroe. Pero esto no es lo que ocurrió. Al alinearse rotundamente con los dictados anglosajones y al adoptar medidas que echan mucha leña al fuego, la Unión Europea ha perdido toda credibilidad.»

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